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Categoria: UncategorizedRetrospectiva: Os 10 melhores filmes de 2015
Publicado: 06/01/2016 as 11:13
Está na hora da lista dos melhores de 2015. O ano foi mais diverso que a previsão inicial, com ótimos filmes em vários gêneros. Um dos destaques foram as continuações: “Mad Max” e “Star Wars”, talvez, fizeram os melhores de cada franquia. E não tem jeito, 2015 foi mesmo das ficções científicas. Desde as mais badaladas até as mais discretas, nos forneceram novas ideias e perspectivas, até sobre o mesmo tema, como “Chappie” e “Ex-machina”. Alguns chegaram tarde (Bidman, Whiplash e Frank) e já receberam seus prêmios em 2014. E pra completar, as gratas surpresas, como “Que horas ela volta?” e “Divertida Mente”, dois filmes delicados e apaixonantes. Então vamos à lista, ordenada por data de lançamento.
1 — Whiplash (Direção, Damien Chazelle)
Incrivelmente escrito e dirigido por Damien Chazelle, de apenas 29 anos. “Whiplash” acompanha intensamente o jovem baterista Andrew Neyman (Miles Teller) e sua busca para se tornar um grande artista de seu tempo. Para isso, tenta ser aceito em um dos mais prestigiados conservatórios do país, mais especificamente na banda do famoso Terence Fletcher (Simmons). O que ele não esperava é lidar com os métodos militares com que Fletcher rege seus alunos. Neyman precisa dar o sangue (até literalmente) para conquistar seu espaço. O diretor nos leva pelos detalhes de todo esse esforço e escancara o que há por traz de notas perfeitas. Atuação visceral de J.K. Simmons, carimbada com o Oscar de ator coadjuvante. E como bônus, belos clipes, enquanto somos levados pelo fantástico som da banda.
2 — Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância (Direção, Alejandro González Iñárritu)
Iñárritu nos faz papagaios de um ator fracassado em busca de redenção. A câmera, aparentemente ininterrupta, nos coloca no ombro de Riggan Thomson (Keaton) nos três dias que antecedem a estreia de sua peça. Um filme repleto de metalinguagem feito de forma teatral. A trilha subjetiva também ajuda a nos transportar para a sua pele (ou penas). Dessa forma, testemunhamos sua pressão aumentando a cada hora, junto com sua tentativa de retomar o sucesso perdido. Se ele consegue é a pergunta que o filme deixa pra gente. Tecnicamente fascinante com uma direção fluída, fotografia fantástica e uma mise-en-scène intrincada, mas realizada com maestria. E como se não bastasse, interpretações (principalmente de Michael Keaton) primorosas. Estreou tarde no Brasil, mas já veio com merecidos quatro Oscars, entre eles, de melhor filme e direção.
3 — Chappie (Direção, Neill Blomkamp)
O 3º Longa de Neill Blomkamp segue à risca sua receita de ficção científica (ao final, até lembramos Distrito 9) e não decepciona. Inspirado em um de seus curtas (Tetra Vaal), ele expande o universo e nos presenteia com um conto dos tempos modernos. Uma visão nova e interessante para o tema Inteligência artificial. Como uma boa ficção científica, nos oferece várias metáforas. Imagina se retirarmos o robô e colocarmos uma criança no lugar; temos uma versão sci-fi de “Beasts of No Nation”, mais uma história de socialização da violência. Caprichoso em seus aspectos técnicos, os efeitos nunca soam falsos, o que nesse caso é fundamental. “Chappie”, portanto, contém todas as características de um dos diretores mais interessantes da atualidade e que sempre nos mostra uma premissa verossímil, personagens fortes e roteiros imaginativos.
4 — Frank (Direção, Lenny Abrahamson)
Convenhamos, questão de tempo alguém filmar essa história. “Frank” mostra um recorte da vida, delicada e intrigante, do cantor Frank Sidebottom (criação do comediante Chris Sievey), a partir do artigo que o próprio autor do filme escreveu sobre sua convivência com a banda. No filme, ele é representado pelo aspirante à tecladista Jon (Gleeson). Um acidente (ou aviso) faz com que ele seja chamado para gravar um novo álbum e então ficam isolados durante um ano para isso. Como se não bastasse o frontman passar 24 horas com uma cabeça falsa, feita de papel, ele ainda tem que lidar com os outros inconstantes músicos da banda, principalmente a imprevisível Clara (Gyllenhaal). Porém, como diz a física: quem estuda interfere no material de estudo. E Jon começa a ter influência sobre aquele, até então, ambiente sagrado da banda. Se boa ou ruim, é o que descobrimos. O filme consegue a proeza de nos mostrar os indivíduos por trás daquelas caricaturas e ao mesmo tempo respeitar seus sentimentos sem parecer piegas. Uma narrativa envolvente sem vilões ou mocinhos. Mas muito delicada e respeitosa.
5 — Mad-Max: Estrada da Fúria (Direção, George Miller)
George Miller fez mais do que uma continuação à altura, fez o melhor filme da franquia. Subvertendo vários clichês presentes em filmes do gênero, Mad Max vai direto ao ponto, sem frescura e enrolação. E o resultado é um filme com tanta energia que saímos ofegantes da sala. Esteticamente belíssimo, a fotografia é um dos destaques, usando o contraste entre noite e dia ou até entre poeira e céu. O filme transforma cada perseguição, e são muitas (ou uma só?), em um espetáculo de beleza e violência. Sem medo de exagerar vemos até guitarras que cospem fogo. E de brinde temos uma inversão narrativa interessante de quem é o protagonista da história, além de críticas sociais, como o culto ao sagrado, posições hierárquicas e o papel da mulher. Particularmente, gosto de um personagem, feito pra morrer logo em filmes do gênero, mas que atravessa o maior arco dramático do filme. Spray prata da onda?
6 — Divertida Mente (Direção, Pete Docter, Ronaldo Del Carmen)
“Divertida Mente” nos transporta pra dentro da cabeça da recém-nascida Riley. Através de suas emoções, que são representadas por personagens (alegria, raiva, tristeza, repulsa e medo), nos encantamos ao acompanhar todo o funcionamento de sua psique e seu aprendizado ao longo dos anos. Fantasticamente didático e criativo, o filme explora ao máximo como nossa cabeça (e a dela) recebe os estímulos externos desde o nascimento. E o design de produção representa isso de forma magistral. O destaque fica por conta da maturidade do roteiro, ao reconhecer que a tristeza é parte importante de nossa vida e que tentar excluí-la de nosso dia a dia é só uma forma de tentar uma felicidade inexistente. Portanto, inútil. Tão rico que deixa vários ganchos para explorar mais esse universo, de nossa protagonista ou de qualquer outro. Desde já, um novo clássico da Pixar.
7 — Ex-Machina (Direção, Alex Garland)
Ao invés de expandir, Alex Garland, aprisiona o conceito de Inteligência Artificial e nos enjaula junto. Rodado na claustrofóbica casa de um alto executivo (de uma espécie de Google), enquanto usa um de seus funcionários para fazer uma versão Big Brother do teste de Turing. O filme aumenta seu suspense à medida que vamos conhecendo mais seu ambiente. As atuações estudadas deixam sempre ambigüidade no ar (principalmente Oscar Isaac), o que também nos coloca junto a Caleb, que só descobre toda a verdade por trás daquele cenário, tarde demais. A direção precisa usa os enquadramentos e elementos do cenário, como luzes e vidros para dar pistas sobre o real perigo ali. No final, sobra a lição mais fundamental sobre AI´s, a sobrevivência.
8 — Que Horas Ela Volta? (Direção, Anna Muylaert)
“Que horas ela volta?” é um filme apaixonante. Dirigido com delicadeza por Anna Muylaert e adotando a câmera quase sempre estática ela aproveita a dança das empregadas na cozinha e nos envolve com a atuação hipnotizante de Regina Casé. Além disso, seus enquadramentos nos dizem muito sobre o ambiente apertado e restrito de Val (Casé), mesmo em uma mansão. Expondo as hipocrisias da classe média alta e questionando o costume das empregadas “quase da família”, ele desvenda através de situações corriqueiras, como funciona esse mundo ditado por regras claras, mas, por vezes, obscuras. Um filme que revela mais do que poderíamos esperar e através da simplicidade se transforma em uma pequena obra, assim como sua protagonista.
9 — Beasts of no Nation (Direção, Cary Joji Fukunaga)
O primeiro filme feito para a internet (mas lançado em salas de cinema para concorrer a prêmios), escolheu um tema tão importante quanto a nova era que pode representar. Uma produção crua e realística, que ao mesmo tempo, exibe uma belíssima fotografia. Conta a trajetória de Agu (o estreante Abraham Attah), órfão da guerra civil de um país desconhecido, automaticamente, adotado pelo líder com traços míticos (de propósito), vivido por Elba. O filme não se restringe aquele grupo e nos mostra que até um quase Deus é só mais uma peça manipulada por poderes maiores. Mas o arco vivido pelo garoto é mesmo o principal atrativo. “Beasts of no Nation” não é só um ótimo filme é a exposição de lugares que são invisíveis pra gente. E isso enriquece ainda mais a metáfora sobre a televisão vista no filme. Um projeto feito para internet, que mostra o que acontece por trás da tela, sempre filtrada, da TV.
10 — Star Wars: O Despertar da Força (Direção, J.J. Abrams)
O filme mais esperado do ano não decepcionou. Muito mais concreto, principalmente em comparação aos três últimos, o 7º filme eleva a franquia com ritmo enérgico e personagens carismáticos, que são introduzidos de forma orgânica ao lado dos grandes mitos. É mesmo emocionante rever Han Solo, Chewbacca, Princesa (General) Leia, C-3PO, R2-D2 e… Luke? Todos tratados com muita reverência. E o melhor é suspirar aliviado pelo acerto dos novos protagonistas. Abrams, realizando o sonho de todos os nerds (dirigiu Star Trek e Stars Wars), imprime sua marca ao lado de muito respeito e referências sobre o universo. E ainda deixa grandes ganchos para os próximos episódios. Dever de casa cumprido. Aliás, sua direção me lembra, cada vez mais, o Spielberg (com direito até J.J. Face). De toda forma, os Jedi estão em boas mãos. Mal posso esperar por uma interação maior entre todos os personagens desse fabuloso universo, agora tratados com o devido cuidado.
Fonte: Revista Bula